No início da década de 1970, Phil Collins desempenhava o papel de baterista do Genesis, contribuindo também com backing vocals. Até que, com a saída de Peter Gabriel da banda em 1975, o músico precisou virar o vocalista principal do grupo.
De início, não era a ideia do artista ocupar a posição. Na verdade, ele e os colegas pensaram em outras alternativas e procuraram um substituto — o que não deu muito certo.
Durante entrevista à Drumeo para o documentário “Phil Collins: Drummer First”, lançado no último mês de dezembro, Collins mencionou como se sentiu à época. Ao relembrar o período, o artista — hoje afastado dos holofotes — revelou que chegou a sugerir que a banda se tornasse apenas instrumental para não lidar com o problema.
Conforme transcrição da Ultimate Guitar, ele disse:
“Quando Peter saiu, eu fui o único que disse: ‘vamos ser uma banda instrumental’. Todo mundo zombou e me disse para calar a boca e voltar para o meu lugar. Mas eu posso ver que eles estavam certos.”
Diante da recusa dos membros pela ideia, a solução foi realizar testes com alguns cantores para a vaga. Mesmo sem qualquer intenção, durante as audições, Collins percebeu que levava jeito para a coisa.
“Eu não pensava em ser o cantor. Apenas ninguém mais queria o trabalho. Fizemos uma longa busca por um vocalista que não deu muito certo. Eu costumava cantar todas as músicas para os caras que vinham para o teste. E comecei, no geral, a soar um pouco melhor do que eles.”
Apesar de estar acostumado a tocar no fundo do palco até então, o cantor não ficou tão nervoso com o novo desafio, principalmente por causa da experiência no teatro adquirida na infância. A respeito do primeiro show como vocalista em 1976, ele explicou:
“A experiência teatral definitivamente me ajudou a subir no palco e não ficar nervoso. Quando comecei a cantar, não soltei o suporte do microfone. Ele se tornou meu kit de bateria. Era assustador. Mas eu sempre senti falta de estar atrás da bateria. Eu achava que era melhor nisso do que cantando.”
Phil Collins como vocalista do GenesisAlém do próprio Phil Collins, os outros membros do Genesis também não sentiam muita confiança com o baterista a cargo dos vocais. Ao canal Sofa King Cool em 2021, o guitarrista Steve Hackett contou que Jon Anderson, vocalista do Yes, ajudou a banda a mudar a mentalidade a respeito do assunto.
“Eu o recomendei [Phil] para esse trabalho, embora Tony [Banks, tecladista] e Mike [Rutherford, baixista] tenham resistido de primeira. Lembro que fui ao primeiro casamento de Phil e Jon Anderson do Yes estava lá. Eu o conheci ali pela primeira vez. Ele falou: ‘Phil tem uma grande voz, por que vocês não o deixam ser o vocalista principal e contratam um instrumentista para preencher ao vivo?’. Porém, cruzamos várias pontes antes disso, pois houve resistência. No fundo, a ideia de um baterista que canta não parecia tão boa para os shows. Porém, ele superou isso de uma maneira incrível. E se você tem uma grande voz, o que importa se você está cantando atrás de um kit de bateria ou não?”